Neste julho amarelo entenda a importância da prevenção e controle das hepatites virais, assim como os tipos de hepatites, formas de transmissão, sintomas e tratamentos.
Em 28 de julho de 2010, o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o propósito de alertar sobre a importância da prevenção e do controle da doença.
As hepatites causam cerca de 1,4 milhão mortes por ano em todo o mundo. No Brasil, foram notificados mais de 670 mil casos, de 1999 a 2019, conforme último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
O que são Hepatites Virais?
Segundo o Ministério da Saúde, a hepatite é toda inflamação que atinge o fígado, um importante órgão do sistema digestório, com um papel principal na desintoxicação do organismo.
Na maioria das vezes, a doença é causada por vírus, mas pode acontecer devido ao uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
A hepatite viral é classificada pelos tipos A, B, C, D e E, sendo os três primeiros mais comuns no Brasil. Casos do vírus da hepatite D e E ocorrem com menor frequência e são mais comuns na região Norte do país.
Hepatite A
É uma infecção causada pelo vírus A da hepatite HAV), também conhecida como “hepatite infecciosa”. Geralmente, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, mas os sintomas e a letalidade aumentam com a idade.
Quais são os sintomas da Hepatite A?
Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. Geralmente os sintomas não são específicos, inicialmente pode se manifestar como fadiga, mal-estar, febre e dores musculares.
Esses sintomas iniciais podem vir seguidos de sintomas gastrointestinais, como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. A presença de urina escura ocorre antes da fase em que a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia).
Quais são as formas de transmissão?
A transmissão da hepatite A é fecal-oral (contato de fezes com a boca). A doença tem grande relação com alimentos ou água não seguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal (OMS, 2019). Outras formas de transmissão são os contatos pessoais próximos, como o sexo.
No Brasil e no mundo, há relatos de casos e surtos ocorrendo em populações com prática sexual anal, principalmente a que propicia o contato fecal-oral (sexo oral-anal).
Como prevenir a Hepatite A?
O ideal para evitar a doença é melhorar as condições de higiene e saneamento básico. Você pode tomar algumas medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde, como:
- Lavar as mãos (principalmente após o uso do sanitário, a troca de fraldas e antes do preparo de alimentos);
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos-do-mar e peixes;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Usar instalações sanitárias;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão, utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de locais onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Usar preservativos e higienizar as mãos, genitália, períneo e região anal antes e depois das relações sexuais;
- Higienizar vibradores, plugs anais e vaginais e outros acessórios eróticos.
A melhor forma de prevenir a hepatite A é a vacinação, a vacina contra a doença é altamente eficaz e segura. Atualmente, a vacina faz parte do calendário infantil, gestantes e lactantes também podem tomar. A vacina também está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pessoas que possuem algumas condições. Saiba mais detalhes sobre a vacinação clicando aqui.
Hepatite B
A hepatite B pode ser classificada como uma infecção sexualmente transmissível. É uma doença infecciosa que agride o fígado, causada pelo vírus B da hepatite (HBV) que está presente no sangue e secreções.
Inicialmente, geralmente acontece uma infecção aguda, que se resolve espontaneamente em até seis meses após os primeiros sintomas, considerada de curta duração. Apesar disso, algumas infecções permanecem após esse período, nos casos de permanência, a infecção é considerada crônica.
A idade está diretamente relacionada ao risco da hepatite tornar-se crônica. Crianças com menos de um ano, por exemplo, têm 90% mais chances de desenvolver a forma crônica da inflamação. Em adultos, cerca de 20% a 30% das pessoas infectadas cronicamente pelo vírus B da hepatite desenvolvem cirrose e/ou câncer de fígado.
Quais são os sintomas da Hepatite B?
A evolução da Hepatite B geralmente é silenciosa e os sinais costumam aparecer na fase avançada da doença, com diagnóstico após décadas da infecção. Quando presentes, os sintomas podem ser cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal. A ocorrência de pele e olhos amarelados é observada em menos de um terço dos pacientes com hepatite B.
Quais são as formas de transmissão?
Segundo o Ministério da Saúde, as principais formas de transmissão da Hepatite B são:
- Relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
- Da mãe infectada para o filho, durante a gestação e o parto;
- Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
- Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
- Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
- Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
- Transfusão de sangue (mais relacionada ao período anterior a 1993).
Como prevenir a Hepatite B?
A vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura. Atualmente, a vacina está prevista no calendário de vacinação infantil e também não apresenta riscos para gestantes e lactantes. Além disso, o SUS disponibiliza a vacina nas unidades básicas de saúde para todas as pessoas, independentemente da idade.
Outros cuidados reforçam a prevenção da infecção pelo HBV, como usar preservativo em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.
Hepatite C
É um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (HCV) e pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum.
A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose.
Quais são os sintomas da Hepatite C?
O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C é muito raro. Aproximadamente 80% das infecções não apresentam nenhuma manifestação. Por isso, a testagem espontânea da população prioritária é muito importante no combate a esse agravo.
Quais são as formas de transmissão?
O HCV pode ser transmitido das seguintes formas:
- Contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas (cachimbos);
- Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos, ou odontológicos;
- Falha de esterilização de equipamentos de manicure;
- Reutilização de material para realização de tatuagem;
- Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
- Uso de sangue e seus derivados contaminados;
- Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
- Transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).
A hepatite C não é transmitida pelo leite materno, comida, água ou contato casual, como abraçar, beijar e compartilhar alimentos ou bebidas com uma pessoa infectada.
Como prevenir a Hepatite C?
Não existe vacina contra a hepatite C. Para evitar a infecção, é importante seguir algumas recomendações:
- Não compartilhar com outras pessoas qualquer objeto que possa ter entrado em contato com sangue (seringas, agulhas, alicates, escova de dente, etc.);
- Usar preservativo nas relações sexuais;
- Não compartilhar nenhum objeto utilizado para o uso de drogas;
- Toda mulher grávida precisa fazer, no pré-natal, os exames para detectar as hepatites B e C, o HIV e a sífilis. Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas. O tratamento da hepatite C não está indicado para gestantes, mas após o parto a mulher deverá ser tratada.
Pessoas com hepatite C podem participar de todas as atividades, incluindo esportes de contato. Também podem compartilhar alimentos e beijar outras pessoas.
Hepatite D
A hepatite D, também chamada de Delta, é uma infecção causada pelo vírus D da hepatite (HDV). Está associada com a presença do vírus B da hepatite (HBV) para causar a infecção e inflamação das células do fígado. Existem duas formas de infecção pelo HDV: coinfecção simultânea com o HBV e superinfecção pelo HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo HBV.
A hepatite D crônica é considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, com progressão mais rápida para cirrose e um risco aumentado para descompensação, carcinoma hepatocelular (CHC) e morte (FATTOVICH et al., 2000; MALLET et al., 2017).
Quais são os sintomas da Hepatite D?
Assim como nas outras hepatites, quem tem hepatite D pode não apresentar sinais ou sintomas da doença. Quando presentes, os mais comuns são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Quais são as formas de transmissão?
As formas de transmissão da Hepatite B são idênticas às da hepatite B, sendo:
- Por relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada;
- Da mãe infectada para o filho, durante a gestação e parto;
- Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos);
- Compartilhamento de materiais de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam);
- Na confecção de tatuagem e colocação de piercings, procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendam às normas de biossegurança;
- Por contato próximo de pessoa a pessoa (presumivelmente por cortes, feridas e soluções de continuidade);
- Transfusões de sangue (mais relacionadas ao período anterior a 1993).
Como prevenir a Hepatite D?
A imunização para hepatite B é a principal forma de prevenção da hepatite Delta, universal no Brasil desde 2016 (CGPNI/DEVIT/SVS/MS, 2015). Outras medidas envolvem o uso de preservativo em todas as relações sexuais e o não compartilhamento de objetos de uso pessoal. Além disso, toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar as hepatites, o HIV e a sífilis.
Hepatite E
A hepatite E é uma infecção causada pelo vírus E da hepatite (HEV). O vírus causa hepatite aguda de curta duração e autolimitada. Geralmente, é uma doença de caráter benigno. Porém, em caso de gestantes pode tornar-se grave e, raramente, causar infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência.
Quais são os sintomas da Hepatite E?
Geralmente, em adultos jovens, o vírus E causa hepatite aguda de curta duração e autolimitada (2 – 6 semanas), clinicamente indistinguível de outras causas de hepatite viral aguda.
Os sinais e sintomas, quando presentes, incluem inicialmente fadiga, mal-estar, febre e dores musculares, seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, presença de urina escura e pele e os olhos amarelados (icterícia).
A hepatite E ocorre com mais frequência durante a gravidez. As mulheres grávidas com hepatite E, particularmente no segundo ou terceiro trimestre de gestação, apresentam maior risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade.
Quais são as formas de transmissão?
O vírus da hepatite E é transmitido principalmente pela via fecal-oral e pelo consumo de água contaminada, em locais com infraestrutura sanitária deficiente. Outras formas de transmissão incluem:
- ingestão de carne mal cozida ou produtos derivados de animais infectados (por exemplo, fígado de porco);
- Transfusão de produtos sanguíneos infectados;
- Transmissão vertical de uma mulher grávida para seu bebê.
Como prevenir a Hepatite E?
A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, assim como nos outros tipos de hepatite.
- Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos);
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente carne suína;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras;
- Usar instalações sanitárias;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária.
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios.
Lembrando que em qualquer suspeita de Hepatite Viral, o exame deve ser solicitado pelo seu médico, assim como o diagnóstico deve ser feito por um especialista.
Caso o seu médico indique exames de imagem fale conosco!
REFERÊNCIAS
Hepatites virais | Secretaria da Saúde
Fiocruz / Farmanguinhos » Dia mundial de luta contra as hepatites virais
“As hepatites não podem esperar”: 28/7 – Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais